sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

teus olhos me faltam

e hoje eu me perguntei
qual seria a cor dos teus olhos
já faz tanto tempo
tanto tempo que não lembro
lembro de algo cintilante
talvez mel, castanho claro,
querendo ir para o esverdeado

qual seria a cor dos teus olhos?
já vi a cor dos teus olhos?
acho que nunca vi teus olhos
esse cintilar deve ter sido um sonho
qual é a cor dos teus olhos?
cor de algodão-doce perdido no céu?
cor de luz do sol refletida na água?
cor de terra adubada?
cor de ternura? de maçã? de alfazema?

qual sabor teria teus olhos?
sabor de cereja, mel ou avelã?
qual cheiro teria teus olhos?
cheiro de orvalho, mato, cravo ou café?

teus olhos, teus olhos
que não sei de que cor são
teus olhos perdidos em meu pensamento
sem teus olhos, não tenho teu rosto
teus olhos me faltam
teus olhos me falham
quem és tu?


marina.
em jan/2014

Projeções

verde, azul, verde, azul,
te vejo
em verde, azul, verde, azul,
no escuro, na luz que te reflete
e em mim,
só há o pulsar,
tum-tum-tum
cada vez mais rápido
a cada compasso teu
a cada nota dedilhada
e teu olhar de relance
me lança em outro sonhar
em outro mundo, o teu
e nesse compasso,
só há tu e eu,
de repente me vejo
também refletida
minha luz em ti
um sorriso aqui, um sorriso ali
tu aqui e eu ai
nossas luzes se sobrepõem
cores sobrepostas, corpos sobrepostos
nos transformamos em acordes
maiores, menores, aumentados, diminutos
eu e tu, tu e eu
te vejo em mim, me vejo em ti.


marina num banho de cachoeira
em fins de janeiro de 2014