domingo, 16 de dezembro de 2012

Me perdi

Me perdi
Me perdi no caminho pra casa
estava escuro
sozinha
com uma cesta para a vovozinha
o caminho era longe e deserto

vi
não o lobo mau
vi
você
na escuridão
mas não era você
e era você
parado
em cima de uma árvore alta

parei
te chamei
você...
acho que não ouviu
ouviu?
parece que me viu
mas saiu
subiu
não me viu?
subiu
subiu
assobiei
subiu
subiu
estava alto demais
continuei andando
pra casa
com a cesta
para a vovozinha
cuidado!
para não cair!
andei.


em dez/2012

Baile de máscaras

E agora...
e agora continuemos nossas vidas mesquinhas.




marina
em
dez/2012

D'existo

Existo
Vejo
Ouço
Recebo
Dou
Sinto
Conquisto
Insisto
Persisto 
Insisto
Cisco
D'existo




marina
em dez/2012

sábado, 15 de dezembro de 2012

amo

Eu amo
amo até onde durar
e quando não dura mais
ainda resta um pouco de amor
mas depois ele se esvai no mar
e depois amo novamente
e esse amor se esvai de repente
tatua minha pele e rasga meu peito
mas depois de uma boa caminhada
de pés descalços na estrada deserta
amo novamente de repente
aquele andarilho como eu.


marina
em dez.2012

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Passarinho amarelo

Um passarinho chegou hoje pra mim e me disse:
"Marininha, queria tanto te ver acordar às 5 da manhã!"
<pausa>
"Não me pergunte o por quê, mas quero amanhã ver-te
e quero que ouça meu canto da janela de teu quarto.
Por favor, não me pergunte. 
Quero só que ouça,
que viva."











Conversas com passarinhos.
nov/2012

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O tempo já não era nada para nós.

E o tempo... quem era o tempo? O que era o tempo?
O tempo já não era nada para nós.
Ali, não havia tempo.

Eu cantava sua música,
ele a tocava em minhas mãos, mãos-pífano
e ele tentava lembrar... lembrar da música que tinha composto pra ela

Eu cantava, cantava a música dele pra ela
Ele não sabia mais quem eu era
E eu... eu já sabia que não adiantava,
que não importava ele saber quem eu era,
que o tempo ali já estava morto,
não havia tempo,
não havia identidades,
havia sentimentos.

O que importava ali 
era a nossa conexão,
aquela música,
era o que a gente sentia naquele instante.



Marina
em nov/2012

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A consolidação se faz com o tempo

A consolidação se faz com o tempo
com o tempo e com a simplicidade

A consolidação se faz com o tempo
pelos sorrisos, pela simpatia

A consolidação se faz com o tempo
com "ois" e com despedidas

A consolidação se faz com o tempo
com histórias, com músicas

A consolidação se faz com o tempo
e o tempo passa
e não chega
e o tempo passa
e nunca chega
a seu
fim




marina
em nov/2012

quando ela chegou cansada...


Ela chegou em casa, depois de um dia cansativo, foi para o quarto. Não tinha mais o visto. Então, para senti-lo novamente pôs-se a ouvir as músicas que eles passaram a madrugada ouvindo. 



Marina
em
nov/2012

domingo, 25 de novembro de 2012

E eu... em mim...



E eu…
eu quero sentir a vida 
na chuva
com o pé na terra
respirar esse ar
que só há aqui

E eu…
eu quero sentir
a vida bater
latente em meu coração

E eu…
eu quero ouvir o som 
que foge das casas destes músicos
que me deixam leve
com asas

E eu…
eu quero voar 
com as asas que ganhei
de presente daqueles músicos
elas tocam em dó, em sol, em si, em fá, em mi

Em mim…
em mim, há um som que transborda
e me faz ir
ir embora com o vento.

Marina
em nov/2012


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O dia em que me apaixonei pelo mini-Michael Jackson e ele não quis saber de mim.


Era um sábado, sábado bonito! Eu, papis e mamis fomos a uma pizzaria. Acho que o sabor que sempre pedíamos era de mussarela. Nunca tinha ido àquele restaurante, era a primeira vez que nós 3 estávamos indo juntos pra lá. Chegamos. Havia um palco diante de todas as mesas. 
Lembro que para mim, na época, era um palco meeeega grande! Tinha razoavelmente um bom número de pessoas. Muitas famílias! Pai encontrou, como sempre, um amigo/colega dele. Conversou, conversou, conversou… Acho que mãe também estava conversando com ele. Só não lembro o que eu estava fazendo. De repente… "Bad" do Michael Jackson!!! Uhuuu! Adorava Michael Jackson, era fãzita number one =) Até que papai disse: "Olha ali Marina! O Michael Jackson dançando!". Bem, na verdade era a miniatura do Michael Jackson dançando. Igualzinho!!! Todos os passos! Tudo! Figurino também! Me apaixonei a primeira vista. Pela primeira vez um mini-Michael Jackson ao vivo! Até que papai disse assim: "Marina, ele é filho desse meu colega!". Ohhhhh! De repente: tímida e ansiosa! Eu iria conversar com o mini-Michael Jackson que eu estava ficando apaixonada só em ver seus passos e figurinos iguais dos Michael Jackson real! Nossa!!! Que legal!!! A música acabou. Mini-Michael Jackson estava todo poderoso, realizado! Lá vem ele! Ai meu Deus! Que que eu falo para o mini? Ele chegou a mesa. Nossas mesas se tornaram uma única mesa. Tirou o chapéu. Nossa que cabelo lindo! Igualzinho do MJ real! Será que ele só fala em inglês? Não! Ele não fala! Ele parece ser boçal :p Me olhou com um ar estranho… ar de… superioridade? Ai que chato. Nã. Mas posso tentar falar com ele. Pode ser que ele seja assim somente porque ainda não conheceu minha família e eu. Comemos pizza e… "Atenção, atenção!" - disse um moço arrumado de jeito estranho ao microfone - "Agora chegou a hora da dança dos casais! Quem quiser pode vir com seu par!". Ohhhhh! Dança, dança! Eu sou ótima em dança, ah, sou bailarina e venho de uma linhagem que dança muito! Rá!!! "Vai Marina, vai!" - disse papai e mamãe. Olharam para o mini. Ele olhou pra mim com uma cara… eca. O caro mini estava exausto… só podia ser… "Vai Marina, tem um bocado de criança indo!". Fui. Lá no palco, os pares foram se formando. E… E eu fiquei sozinha, para toda aquela gente. Começaram a tocar a música. Não lembro qual era o ritmo, acho que era forró, em que a gente dança agarradinho. Peguei meu querido par no ar. Dançamos, rimos, vibramos, super curtimos a música. Nossa!!! Foi muito bom! Até hoje não me esqueço daquele dia que a gente dançou pra valer! Terminou a música. O moço que estava com a roupa engraçada-estranha, começou a entrevistar cada casal. Chegou em mim. Com aquele microfone (eu adorava ouvir minha voz ao microfone!), ele me entrevistou. Perguntou minha idade, acho que disse 6 ou 7 anos. Perguntou meu nome, respondi: "Malina" (eu não falava o "r"). Perguntou onde eu estudava e que ano fazia no colégio. Perguntou também: "Onde está o seu par?". Eu disse: "Está aqui!". "Aqui onde?". Eu: "Você não está vendo? Aqui do meu lado!". Ele: "Qual o nome dele?". Eu: "Titi". Risos da platéia. Ele: "Diga a ele, que vocês dançam muito bem!". Eu: "Obrigada!". Ele se voltando a platéia de comedores de pizza: "Então, vamos à votação. O casal que receber mais aplausos ganhará o prêmio da noite!". Casal 1, aplausos, casal 2, aplausos… casal 10 muitos aplausos. Ele: "O casal vencedor é… Marina e Titi!". Pulei, pulei, pulamos!!! Recebemos uma viseira para usar na praia de cor branca e uma fita k7, coletânea nacional (lado A) e internacional (lado B) da Coca-Cola! "Que legal! Ganhei mais música pra dançar! Êba!". Lembro que a minha música favorita da coletânea era "Chove-chuva, chove sem parar...". Cheguei a mesa com Titi e estava mãe, pai e o pai do mini-Michael Jackson nos parabenizando. E o mini-Michael Jackson com uma cara de "ah, tá, eu também ganharia!". 


Marinita.
em nov/2012, com recordações de um ano distante e bem interessante! ;)

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Desastres Naturais



Desastres naturais
são normais
são naturais
e eles me fazem correr
correr e pegar vôo
um vôo tão imenso
tão grandioso
que não volto mais.













Marina

em

outubro
de 
2012.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Me vejo Outra

No espelho me vejo Outra
a procura de mim
que não vejo

De olhos vendados
me vejo eu
como eu

A tua frente
me vejo 
Outra
porque não me reconheces.



Marina
em 1º de novembro de 2012, 
com a memória de fevereiro de 2011.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Um canto

vento perdido
pega meu canto
e o leve levemente
para outro canto

para um canto
onde ele seja adubado
e regado
regado por mais cantos

para um canto
onde ele não seja dilacerado
e calado
calado por gritos

para um canto
onde ele seja livre
e viva
viva por toda eternidade!
Foto: Vento e luz. Por Marina Mapurunga



para Desidéria
de Marina
em outubro de 2012

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Ao meu vô...

Ainda não editei sua imagem, seu som
Ainda não editei minha imagem, meu som
Que fim terá esses materiais?
Eu o verei materializado morto?
Ou você me verá materializada morta?

Se você me ver em uma tela ou me ouvir pelos alto-falantes
ainda saberá quem sou eu, que sou eu?
Eu ainda estarei em sua memória,
memória visual, memória sonora,
memória sensorial?

Minha memória ainda não está totalmente falha
nunca estará, totalmente não, nem a sua.
Mas você já não sabe quem sou eu,
de que adiantará minha imagem?

Sua imagem, seu som é mais importante para mim.
Quem sou eu em sua vida? Quem fui eu?
Você ainda lembra de mim? Talvez não.
Mas quando estou perto de você,
a cantar, a tocar,
sei que sou algo para você.

O importante não é quem eu sou,
mas o que sentimos ao estarmos juntos.















Marina.
fisicamente distante e mentalmente perto de onde nasci, em um outubro de 2012.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

minha noite

eu, deslocada
no tempo e no espaço

venda meus olhos
com cetim
com seda
com suas mãos

e me gire
como num carrossel
não diga se é dia ou noite

pois não quero saber
não quero saber se há luz por ai

essa luz,
essa luz que me desloca
às seis, seis da noite
sem noite
sem lua
sem estrelas

e agora eu vivo
nem ai, nem aqui,
mas dentro
dentro de mim
com minha noite.



Marina
em out/2012.






domingo, 21 de outubro de 2012

SOMinar


IMAGEM
           INAR
SOM
         INAR

Imaginando 
Sominando



AnimulA
16.set.2012

sábado, 20 de outubro de 2012

Quando eu me perco entre o céu e o mar

Quando eu me perco 
entre o céu e o mar. 
Foto por Marina Mapurunga
Quando eu me perco entre o céu e o mar
não digo oi, não digo adeus
só digo o que digo
e não digo
calo

Calo e sinto
o sopro do vento
o cheiro da terra
o gosto do mar
o som do mundo







Marina 
em um setembro, em um outubro de 2012.


domingo, 16 de setembro de 2012

Cravo


Cravo, encravo, gravo, regravo, reencravo e recravo… 
em avos e avos em voz e vozes
Cravo.


A Ere, Gui e Tesh.
Marina em um dia cheio de ideias.
Setembro de 2012.


domingo, 2 de setembro de 2012

Antes da viagem...

Ela então acordou... tinha que acordar, era o jeito. Sentiu o forte cheiro de álcool dentro do quarto, não sabia se vinha de sua companheira de quarto ou dela, ou mesmo das duas. Foi tomar o banho. Voltou ao quarto. Rasgou o que tinha que rasgar. Pegou o resto das coisas que tinha que levar, mas... viu um coração de isopor coberto com um veludo vermelho preso ao prego de seu guarda-roupa. Olhou bem para o coração. Arrancou-o com força, ele não queria sair do guarda-roupa, mas conseguiu tirá-lo dali. Jogou seu coração no lixo. Pegou as chaves, saiu do quarto e fechou a porta...

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Machuca

Machuca, machuca a alma
Machuca, machuca a ferida
que se abre
cheia de vermes

O sangue já não escorre
ele é cuspido e escarrado
com os restos das vísceras
com o resto de coração
com o resto de cérebro...
ã? cérebro?
Não... cérebro não.

Felizmente, ele é o único que sobreviveu
a toda mentira.

Mendaci ni verum quidem dicenti creditur

Mendaci ni verum quidem dicenti creditur

Entre cores, tintas e papéis

Em lápis de cores te rabisco no papel
Em tintas me pinto
meu corpo, pincel
tu, papel
tu, pincel
eu, papel

A musicar meu coração...

Um vento
levou meu chapéu,
corri e me virei para o céu
Lá longe avistei um casal,
um belo casal
em uma bicicleta
com cestinha e garupa

Na cestinha, havia um buquê de girassóis
com uma cesta (imagino) com frutas e uma toalha de piquenique
havia também um estojo de escaleta

Na garupa, ela de vestido estampado
com as panturrilhas à mostra
com uma sandália baixinha bem bonitinha
Ela tinha os cabelos ondulados castanhos
sentava de um só lado com os pés cruzados
e carregava uma viola nas costas

Ele, ele era rápido
parecia que não estava levando ninguém
também tinha os cabelos ondulados e olhos pretos
estava com um chapéu, uma calça marrom
e uma blusa listrada de botão meio amarrotada

O sorriso dos dois era o mais lindo do mundo,
era como um único sorriso gigante
Aquele instante
foi tão longo pra mim
encheu meu coração

E eles passaram tão rápido
eles... efêmero...

Peguei meu chapéu
Eles iam agora longe
talvez para um parque
fazer um piquenique
e passar a manhã e a tarde toda
a musicar...

a musicar meu coração.

domingo, 8 de abril de 2012

Sem lugar

Sem lugar

A partir do momento que você sai de seu lugar
e parte para outro lugar que não te pertence
esse último lugar nunca te pertencerá
e o lugar anterior passará a não mais te pertencer

Ao retornar ao lugar anterior
você verá que aquele espaço já não é seu
ele foi tomado de você ou
ele já não se assemelha a você ou até
não supre suas necessidades
E quais são suas necessidades?
Você já não sabe,
porque agora você pertence a um não-lugar

Você passa a se encontrar em um não-lugar
E onde é o não-lugar?
Em todos os lugares e ao mesmo tempo em nenhum lugar
Podemos dizer que você é quase uma efemeridade em cada lugar

Seus sentimentos se tornam confusos
Sua cabeça está confusa
Tudo passa
Tudo fica
Tudo passa
Tudo fica

Você está perdido?
Sim e não
Você não mais pertence
Você não pertence
a lugar
a lugar algum
Você está na verdade em nenhum lugar
talvez em um único lugar, a sua mente.



Por Marina Mapurunga,
em  um não lugar, em um abril nem doce, nem salgado, talvez amargo com 95% do fruto da amargura, que chamo de amargã.

Hoje, ele chorou

Hoje, Gui me acordou chorando.
Perguntei o que havia acontecido.
Ele não quis me dizer,
na verdade, ele não conseguia dizer.

Ele chorava, chorava...
Meu gnomo dos olhos verdes
Chorava, chorava, chorava...
Aos poucos seus olhos inundados de lágrimas
iam se fechando, o cansaço ia tomando conta de seu corpo
e ele desmaiando sobre o meu.

Meu moreno dos cabelos azuis
nunca havia chorado antes.
Agora, ele ainda dorme em meus braços
e eu... não sei porque ele chora,
espero que o sono o traga de volta
ou não.

Estar em outras dimensões, às vezes, é mais tranquilizador
do que estar vivendo no mundo "real".


Nina em
algum lugar perdido, manhã quente de lágrimas salinas

sábado, 7 de abril de 2012

O silêncio é o melhor a se fazer

Silêncio!
........
........
...................
.........
........................
.........
.........................................
......
..
..............
......
...
..
.

O tempo se deteriora em minhas mãos, eu me deterioro nas mãos do tempo

O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo
O tempo se deteriora em minhas mãos
Eu me deterioro nas mãos do tempo


Marina
em um abril despedaçado de 2012

Um corpo morto

Duas mãos precionam meus ouvidos
Dois dedos precionam meus olhos
Duas mãos abarcam e apertam meu pescoço
E aos poucos meu corpo perde todas suas forças

O corpo seca
A cabeça explode
O corpo seca
A cabeça explode
O corpo seca
A cabeça explode

Voz?
Há muito tempo já não há voz
Um corpo morto
mudo
mudo pelos outros

Um corpo que já não diz nada em palavras
e diz tudo por estes olhos



Marina
em um abril despedaçado de 2012.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Súplica de Loucura

Profundamente triste
o amor
o amor
nos deixa derretida de felicidade, num paraíso
e depois nos dá uma flechada
que derrama um sangue infinito
lágrimas que se transformam em lagos, em rios, em mares

Um mar que era tão lindo, vasto, cheio de vento
cheio de carinho e afetos
agora, mais salino do que nunca
desaba em meu peito
inunda meu rosto
meu corpo fraco e forte
meu corpo que te espera, amor

Amor... o que é o amor?
É um sentimento de ternura
Que quando quanto mais demasiado sente
mais dói e dói e dói
e roe meu corpo
e faz minhas mãos tremerem
a espera
a espera
espera longa
Mas isso já estava imposto antes de eu te amar

E esse amor,
o mesmo amor que faz sorrir,
me faz chorar
e me apunhá-la o peito
e me faz delirar
delirar pela espera
de ouvir tua voz
de sentir tua boca
de sentir tuas mãos em meu rosto
em meus cabelos agora arrancados
por essas mãos de menina louca,
loucura....
Quando a loucura toma posse do amor
meu corpo gela
me arremesso contra a parede
rasgo minhas roupas
grito
tudo isso dentro de mim

porque na verdade,
eu canto
eu canto para os outros
para não enxergarem o que há dentro de mim.

Já não canto para o meu amor,
porque estou louca
e agora suplico de joelhos,
joelhos que já derramam sangue,
que ele olhe para mim
que ele olhe para mim
e me ouça
e me fale
e me abrace
apenas isso.

E ela...

E ela é tão linda quando está com raiva de mim. Fica louca, furiosa, por isso canta e dança pela casa toda. Eu não consigo calá-la. Por isso, eu a tomo em meus braços. Agarro-a com força e dou-lhe um forte beijo no rosto. Ela me empurra. E diz: "Não gosto de ti!". E sei que quando ela diz isso é porque ela me ama e se importa comigo. Então, eu lhe dou as costas. E ela me chama. Eu a olho. (pausa) Então, a gente se abraça. Eu a amo. E sei que ela me ama.


Aiska.

Diálogo com fades de Mapu e Aiska PARTE 2

-Panran ran rannnn ... Pan ran ran rannnn...  (porta se abrindo) Então, já terminou com seu mambo, tango...
-Afff você não sabe nem distinguir um tango de um mambo? Com o mambo você alivia a dor e com o tango você mostra essa dor e desaba com ela...
- Não sei se é bem isso...
- É.. pra mim, agora é. E se 'é' é e pronto.
- A água te melhorou?
- Não. Só me limpou.
- Você não tem jeito mesmo.
- Agora só vai ter jeito se essa 'secretária eletrônica' parar de falar e ele atender.
- Ai ai aiiii.. vai dormir menina.. louca.
- Louca não.
- Tudo bem. Você não é louca. Você é linda.
- Sei que você está me ironizando.
- Não estou não,
- Está.
- Então tá. Se você acha que tô, eu tô e pronto.
- Aiii.. você me dói nos nervos.
- Você que me dói.
- Tudo te dói.
- Tudo te dói.
- Arrrrgggg.. basta de falar de dor por hoje. Basta-me esta dor de hoje.
- Tu não vais te aquietar mesmo, né?
- Né. Até ele atender.
- Até você dormir, querida.
- Dançacomingo?
- Que?
- Dançacomigo?
- Não entendi.
- Dança Comigo!
- Ah tá... até que gostaria. Mas não dá.
- Não dá por que?
- Porque sua colega de quarto já foi dormir.
- Ai é.. hummm.. vamos dançar na sala?
- Na sala tem gente.
- Vamos dançar no banheiro?
- Não tem muito espaço.
- Não importa.
- Preguiça.
- Você não quer dançar comigo.
- Quero. Eu te amo.
- Também te amo. mas não gosto de você.
- Você não gosta agora, porque estou enchendo teu saco. Mas no fundo você gosta.
- Tá.. eu gosto.
- Então... escuta um regue..
- Nammm
- algo contra o regue?
- Não.. Eu até gosto muito. Mas  regue  é pra ouvir de dia ou de tarde... ou no entardecer. Regue não serve pra noite assim não...
- Ai ai aiii..  Hummm.. Então vai de mantra...
- Num sei.... Não quero. Quero conversar com você.
- Menina.. tô ficando com sono.
- Menina... eu tô perdendo o juízo.
- Você já perdeu.
- Já?
- Não sei. (pausa) Você tá cheirosa! O banho até que funcionou.
- Besta. (pausa) Queria estar num quadro da Varo.
- Queria estar num quadro do Klimt.
- Isso porque você o* ama (*o cara que não atendeo telefone).
- Claro que eu o amo. E acho que agora ele deve já ter entrado na outra dimensão.
- Ai menina... Num sei.. tô com raiva. Era pra ele ter ligado a nuGT¨&¨@%EW¨&GSD(!¨WE&GTQS*!*WE&%T!E¨& daquele celular.
- Ele nem se tocou, mulher.
- Hummmm... sei não. Acho que ele tá com raiva de mim. Mas eu tava com a minha Mãe... Será que ele não entende... nammmmmm
- Ele capotou, mulher.
- Duvido.
- Bem... eu o amo e ponto final.
- Eu sei.. Blé.. chata. Vamos dançar.
- O que você quer dançar?
- A nossa música.
- Qual é a nossa música?
- A que toca dentro da gente.
- É?
- É claro.
- Vem.. vou te ensinar...

Elegy. Por Dorina Costras.

Diálogo com fades de Mapu e Aiska PARTE 1

- "yo no sé.... yo no.. séeeee... aaaaaaaaaaaaaaaaaaaa bbbbbbbbbbbbbbbbb cccccccccccccccc ddddddddddddddddddd eeeeeeeeeeeeeee ffffffffffffffffffffffffff gggggggggggggggggg hhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh iiiiiiiiiiii jjjjjjjjj kkkkkkkkkk lllllllllllllll mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm um mundo... ooooo mundo é uma caixa de ressonância.... ohnnnnnnnnnnnnnnnnnmmmmmmmmmm.... música.. nós somos frequenciasssssssssssss......dissonantessssss...zzzzzzzzzzzzzzzzzz

tum tum tum tummmm
silêncio
tempo
tummmmmm... "sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de messag3ns  e estará sujeita a cobrança durante o sinal... pannn rannnnn... silêncio....

Mais uma tentativa...
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"ARRRRRRRRRRRRRGGGGGGGGGGGGG"
Mais uma tentativa... x 27 fois

-"celular descarregado... poder da mente.. por favor, poder da mente.... recarregue o celular... please! ligue-o! lembre-se de mim! não lhe atendi porque estava com mami no telefone..."
-MIND POWER.... mentalizeeeeeee.. aaaa hummmmmmmmmmm... aaaaaa hummmmmmmm.... dimensões.. aqui eu chamo.. dimensão 1... nada... 2... nada... 3... nada.. 4... nada.... sétima dimensão... ainda não.. não está dormindo... durma... e acorde e carregue o celular... e ligue-o... ahhhhhhhhhhhhhhhhh hummmmmmmmmmmmmmmmmm
aaaaaaaaaa hummmmmmmmm

-Mentalize... mentalize.. respire fundo... issssssssssssoooo... izzzzoooooo....
aaaaaaaaaaa hummmmmmmmmmmmmmm...
Mantra?
Algum mantra?

-Vai tomar banho... e depois vai "mantrar"

-Não!!! não! n~~~~aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaammmmmmmm

-calma... calma!!!!! você precisa de caaaaaaaaaalllllllllmaaaaaaa

-tudo bem... calma.. estou tranquila, agora. pausa. hummmmmmmmmmmm (suspiro profundo)
(sorriso)
(dedos entrelaçados)
(sorriso forçado)
(cara de despero, êro êro ero ero erooooooooooooooooooooooooo)
- banhêroooooooooooooooooooooooooo, já disse pra você ir tomar banho menina!!!! uma água fria te acalma agora, vai dormir...
-Nãooooooo! Quero "mantrar".. quero músicaaaaa, quero dançar... vou dançar, isso vou dançar...
- Com que música?
- Não há música?
- Não
- Há sim. dentro de mim. sou frequencias, frequencias. uuuu (sopra) aaaa (inspira) uuu (sopra) aaa (inspira)  uuu (sopra) aaaa (inspira).. argggg isso seca minha garganta. (olha para a janela) :O Nossa! Está chovendo!
- Não disse menina. Isso é pra você ir tomar banho.
- Ahhhhhhhhhhh! Vvou entãooooo .. tomar banho de chuvaaaaa! ahhhh (refrescante)
- Não. Você não vai pra rua uma hora dessas.. Você vai tomar banho no chuveiro.. Vou te arrastar pra lá.. anda menina... te aquieta...
- Nãoooo não ... por favor, não! nÃO PUXE MEUS CABELOSSSSS! SUA LOUCA! N~~aaoaooo aaaaahhhhhh.... pera...  pera.. PÉRAAAAAA...
(um minutinho de pausa.. .ela me arrastou pro banheiro.. )

The lords of dance. Por Uma.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Fortaleza

Teu mar, teu vento, teu Sol
teu calor, teu canto, teu sabor

Meu suor em ti
Minhas marcas em ti
Minha música em ti
Minha voz em ti
Meu ar, ar, ar
só respiro em ti

Meu olhar só brilha
ao refletir teu céu
Ceuzão de azul forte
Marzão de bravas ondas
Meus pés encravados nas tuas areias
E me sinto envolvida por ti

Tua, tua sou tua
Sempre do teu Sol
Sempre do teu Mar

Minhas lágrimas para minha Fortaleza!



Marina em um Março sem abraços de Fortaleza...

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Sol


Acordei. Abri a janela do quarto e o Sol ainda estava lá. Ele havia me esperado. Pulei a janela e sai correndo de camisola com os pés descalços a grama. Corri, corri. Sentia que ele ainda sorria pra mim. Sorri, mas estava tensa, sabia que tinha que alcançá-lo logo, senão ele poderia ir embora. Da grama, passei para a terra seca quente, depois corri em pedras. Meus pés doíam, mas a minha velocidade me desconcentrava da dor. O Sol ia fugindo de mim, estava com medo de perdê-lo. Corri, corri, no horizonte ele começava a se esconder. Passei pela areia, passei pela lama. O vento me ajudava a chegar mais rápido, até que cheguei ao mar. Meu corpo já não era corpo. Min'alma era mais forte e carregava meu corpo. Respiração. Ar, ar, ar. Nadei, nadei, nadei. Faltando ar. O Sol mergulhou. Mergulhei. Só escuridão. Onde estava sua luz?  Onde estava sua luz? Voltei à superfície. Virei para todos os lados, não o encontrava. No céu rastros do Sol. Cores vivas, cores mortas. Olhei para trás e vi o quanto nadei.  Nada do Sol. Pensei que ele pudesse estar nas profundezas do mar. Respirei e mergulhei com a esperança que o encontraria.


por Animula, sem Sol

"O"s

Seu corpo ardia de ódio
Boba
O ódio ardia
Tremia
Boba
Sangue saltava de seus olhos
Boba
Boba

Então ela ouvia
frequências
que lhe tiravam
do seu mundo
Outros mundos dentro de mim (Reno Wanderley) 
Um mundo
Uma espécie de sétima dimensão
Havia um amigo, talvez irmão
Que lhe segurava
Mais que irmão
A perfeição para ela
Seu ego masculino, talvez

E o ódio era esquecido
Pelo ópio
Não
Por frequências de ópio

O ódio sumia
e ela descartava o mundo anterior
Ela experimentava tanto o outro mundo
que já vivia mais dentro dele do que no real

E ela se perguntava: O que é a realidade?
A realidade sou eu quem faço
A minha realidade
Meu mundo construído?
Não

Era realmente um outro mundo que existia
Mas era um outro
Que poucos tinham acesso


Marina...outros mundos

Nossa dança

O Beijo, de Klimt
Piso em teus pés
seguro tuas mãos
olho teus olhos
sinto teu coração

E dançamos
dançamos a música que ninguém ouve
só nossos corações

Um passo, outro passo
De passo em passo a cada compasso
dançamos a melodia dessa música
Harmonia feita no ar
cheiros, sabores, cores
Sinestesia

O vento nos leva
a dançar
a ouvir
a sentir
a nossa música
nossa dança




Por Marina na leveza

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Ele existe mas se esconde

Ela te ama e te espera
na cama, acordada
vira de um lado pro outro
Ela te espera

A filha
dorme
achando que o pai não existe

Ele existe
mas se esconde
De quem?
Dele mesmo

Mas mesmo assim
ela ainda te ama
E as pessoas dizem
"que boba ela é"

Ela insiste
no amor
Mas um dia 
esse amor há de morrer

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Lugares Perdidos

Estávamos sentados debaixo da mangueira e ele me perguntou o que era um lugar perdido. Eu disse que haviam vários lugares perdidos, aqueles partidos, outros escondidos, uns agradáveis, outros quase que inexistentes, mas muito existentes e persistentes dentro de nós mesmos. Ele então olhou pra mim e disse que vivia em um lugar perdido. Eu sabia disso, sempre soube, mas nunca quis dizer que sabia, pois pra mim ele era mais achado que perdido. E eu o queria ter realmente como achado, mas ele não era.
... E um lugar perdido que eu sempre quis achar, mas se eu o achasse ele perderia seu encanto. O segredo era nunca achá-lo. Mas sempre estar na busca de um dia encontrá-lo, mesmo que no fundo eu saiba que nunca vou encontrá-lo, porque sua grande magia é ser perdido, perdido em minha mente, perdido no mundo, sem casa, viajando, um não-lugar, uma não-pessoa, uma não-palavra, uma não-música. Um meio termo em minha mente, lá e cá. Ele perguntou se isso era a dúvida. Eu pensei bem e disse que não era, porque eu tinha a mais pura certeza de que onde estávamos era um lugar perdido. Então, foi ai que ele me colocou na parede dizendo que minha mente me engana e que "lugares perdidos são os lugares mais achados, mais puros e profundos, porém podem ser muito perigosos, dependendo do lugar perdido". De certa maneira, acabei concordando com ele. O interroguei então se o lugar perdido é o lugar achado, o lugar achado seria o que? Ele disse que o lugar achado nunca pode ser perdido, porque ele é duro, nada maleável, mas ao mesmo tempo efêmero, para ele. Depois me disse: "Bem, não quero confundí-la, há lugares perdidos e lugares perdidos, mas o lugar achado-real pode ser totalmente modificado pelos lugares perdidos por onde você passa e isso é o perigo ou a salvação". Chorei. Estava frágil. Ele disse pra eu esquecer toda aquela discussão e repousasse. E pousasse, como uma ave leve. Quis sumir por um instante. Ele disse: "Você já está sumida, quanto mais se revela, mais some". Pensei... Sumir é bom e ruim. Ele parecia ler minha mente. Ele disse: "Calma, você já sumiu. Mas estou aqui. Você nunca sumirá pra mim.". Me dei conta de tudo e disse: "Eu nunca sumirei pra você, porque estamos em um lugar perdido".

Escuta

Eu me vejo
em você
e gelo
gelo
Meus olhos frios
calejados como meu coração
escorregadios como minhas mãos
derretem em lágrimas
Misericórdia!
Atende minhas mãos!
Atende minha voz!
Silêncio! Ouve,
escuta...
escuta essa voz que não se ouve
Não, não diz mais nada
só aprende a escuta-la
Sei que é difícil...
ouvir, todos ouvem
mas você tem que escuta-la.

Desligo

Desligo
uma
parte
do cérebro

Preciso desligar
senão
a
loucura
vem
atormentar

Desligar
Desligar
Eu
Tu
Nós

Desligar
Desli
Desli
Desli
Des
ssssssssssssssssss
ssssssssssssssss
ssssssssssssss
ssssssssssss
sssssssss
ssssssss
sss
s
sss
ss
s

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Eu só vivia por ele

E a cada vez que eu conhecia o ser humano
mais eu amava meu Mar
queria sua força para ainda poder viver
queria suas águas em minha pele
queria seu sal para minha benção

E ali eu soube
sim... descobria
que eu só vivia por conta do Mar
ele me mantinha viva


Marina Mapurunga, em uma noite de janeiro de 2012, desacreditando no ser humano

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Pequenina

A pequenina disse com uma voz ainda menor do que ela mesma, mas suplicando: "Fale comigo, por favor! Fale comigo!". Nada. Silêncio. A rua estava fria, já estava tarde, tudo era muito escuro. O céu estava nublado, logo logo choveria. "Fale comigo, por favor, por favor, eu gosto de você!". Silêncio. Ela sabia que ele gostava dela, mas ela precisava ouví-lo. Silêncio. Uma lágrima cai de um dos olhos dela."Fale comigo, por favor, hoje pode ser o último dia que o vejo!" Silêncio. Silêncio. Ela abaixou a cabeça, tentou tocar nas mãos dele, mas ele se virou e disse: "Todo o dia é a mesma coisa". Ela: "Não, não é. Nenhum dia é igual ao outro". Ele: "É". Mandou ela entrar. Ela entrou.
Ele foi embora, sumindo na rua escura, como todo dia.
Ela ainda o viu pela brecha da janela.
Ele se foi, sem dizer mais nada, sem nenhum semblante, indiferente talvez.
Na manhã seguinte, ela não acordou.
Seu coração ainda batia, seu sangue ainda percorria vívidamente por suas veias, sua respiração ainda era a mesma. Mas ela não acordava.
Ele foi lá. Sacudiu-a de todas as formas, mas ela não acordava.
Dizem que ela ficou presa no mundo dos sonhos.


Dedico este pequenino conto a Pequenina, quem viveu arrastados e pesados anos comigo.

Animula, Alminha ou Minha,
na Cidade de minha vida, em 20 de janeiro de 2012.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Um Brinde!

Molho bárbaro!
Bárbaro!
Copos, brindes, risadas
Gargalhadas anestesiadas

Mais um brinde!
Um brinde a riqueza, a solidão, a luxúria, a beleza
Um brinde aos anestesiados incompreendidos e solitários

E a música..
a música que eu finjo saber
que dublamos
que seguimos a letra
e concordamos
em sentir a mesma dor

Mais um brinde!
Um brinde a você, a mim, a nós, desenhos de uma sociedade dormente!



Por Marina em um domingo de Janeiro de 2012.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Amar o mar

Amar o mar
Adentrar o mar
O sal
As ondas
A areia cobrindo os pés

Amar o mar
suas águas
em minha pele
meus cabelos
minhas mãos
meu pescoço
abraço
abraço do mar

Mergulho
nas ondas que vêm
as que voltam me carregam mais ainda ao seu
coração

Amar o mar
mergulho,
um
beijo
do mar

Amar o mar
mergulho
mergulho
me ensina a nadar
em ti
me ensina a compreender tuas ondas
ah! mar


Marina numa manhã de sábado de janeiro de 2012.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Horizonte

Horizonte...
Multidão
Deserto
Coração
Solidão


Respiro
Escuro
Obscuro
Respiro
Escuro
Visão desfocada
Respiro
Escuro
Desfoque
Respiro
Escuro
Respiro
Escuro
Respiro
Respiro
Respiro
Respiro
Ar
Respiro
Respiro
Ar
Maresia
Respiro
Respiro
Ar
Maresia
Clareando
Respiro
Maresia
Sol
Sol
Sol
se pondo
Escuro
Escuro
Durmo






Marina
madrugada de 5 de Janeiro de 2012

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Quando o mar invade...



E então... a maré enche...
Enche... enche... enche...
Enche... enche...
enche... enche...
invade
Invade meu lar
com seu sal
sal sal sal sal...
que se mistura com o sal que sai
que sai
que sai de meus olhos


É preciso navegar...
desatar os nós
das cordas
presas
no lar


Lar?
Não há lar...
O lar foi invadido...
Invadido e torturado
Despedaçado
Falsos lares...
Lares são passageiros
Somos eternos navegantes
de outros tempos
desse tempo
de nenhum tempo


Vazio?


Não.
Por um instante, há o vazio
Vazio dentro de nós
Que o preenchemos de sal
sal sal sal sal sal
dos mares que invadem o lar
sal das lágrimas derramadas por nós.




Marina.
Em janeiro de 2012.