Bem-te-vi

Te vi, vi-te, vi-te bem, com olhos de porcelana, olhos de cristal, olhos de algodão, agora estou sem olhos, foram feridos pela rasga mortalha que por meu teto passou, agora só ouço do lado de cá teu canto vindo lá de fora, meu bem-te-vi.




Animula.


em dez/2013

nublado #1

se hoje chover, eu espero você



m.
em dez/2013

Sol, ti, dó, ré, mí

As plantas à janela
orvalho
sereno
serenou
serenar
serenarei
com a luz do sol
em ti

Vim aqui sozinha
caminhando em busca
do que me faz feliz
nos teus braços
abraços com harmonias serenas
sorrisos
melodias
um dia
de sol
assim
é sempre tão bom
ao lado de ti
dó
ré
mí


nina em
jul.2013

Amornauta

Eu sou a sua astronauta
a astronauta de fogo, com flores
flores de todas as cores
te ofereço
aromas de jasmins, lírios, manacás, alfazemas, gardênias
Percorro a órbita, onde você está?
Pacífico, Atrlântico, Índico?
Homem do mar azul, verde a brilhar
olhos ao longe, perdidos no horizonte
Eu flutuo lá, você flutua cá
amoLá, amaCá


AnimulA
jul/2013

No ahhhhh!

No ar vou
evaporar
no ar
com o ar
vou
deixar
um cheiro
de canela
no ar
ahhhhhh
ah coração
cor de rosa
vou te evaporar
te deixar voar
aqui no rio, no mar
soltar rosas
no céu
para o vento
te levar
levaaaaaarrrr
não sei para onde
tu vais
quero que vá
para onde o vento te levar
com a leveza das rosas
que plantamos
em nosso jardim
de amor



mar+ina
em
julho/2013

Cachos

Cachos
cachos de verão
no céu, sob o Sol

Cachos
de outono
com cheiro de amoras

Cachos
de inverno
me protegem do frio

Cachos
de primavera
chuva de flores, cores

Cachos
debaixo das águas
da cachoeira

Cachos em minha cama
em meus pincéis
em minha tela

Cachos curtos, médios, longos
dourados, pretos e grisalhos
cachos de diamante
cachos
cachos



marina em
julho/2013

bicho-homem

o tempo voa no teu céu
azul, rosa, branco, cinza, preto, amarelo
braços, asas erguidas nesse azul colorido
cheiro de maresia, sal, vento nos teus cabelos negros

pássaro? bicho? bicho-homem?
bicho-homem que sobrevoa ao longe,
em meu horizonte multi-colorido,
te vejo das montanhas, da beira-mar, do arranha-céu, do ar

bicho-homem a sobrevoar pelo tempo,
tempo que é sempre passado,
onde está nosso presente?

bicho-homem a transitar por meus números
horas, horas cinzas que se passam rapidamente

bicho-homem das horas
sinto ainda teu cheiro no céu, no ar

marina em
maio de 2013

no meio de tanto amor

eles diziam que amavam
e amavam,
amavam tanto
que se perderam
no meio de tanto amor



ma
em
áries

de um grito...

ela pede
pra ele gritar
o mais alto que pode

ela grita
e corre
andorinhas
abelhinhas
formiguinhas
já se foram

ave de rapina
meu amor
ave de rapina

distante, ela continua
ele no ar
ela no mar

o mar navalha
corta
suas roupas
seus cabelos
engole seu corpo
regurgita
sua dor
a'areia



em nenhum lugar
em nenhuma hora,
Marina.

no alto da montanha

no alto 
da montanha
um eco
um grito
vindo
de teu peito
cheio de ar
cheio de som
quente

o vento
esfria
resfria

o ar
entra 
e congela
teu 
coração

em
nada
em nehuma hora,
Marina.

Omar

te odeio,
te adoro,
te namoro,
te encanto,
num canto,
com um canto,
de repente,
serpente no ar,
cheiro de bolhas de sabão,
respingos de chuva,
orvalho,
amanhecer,
olhos pregados,
entre-fechados,
o mar,
ó mar,
diz-me quem ele é,
ele é?
não é?
existe?
fantasma,
fantasmas de algodão,
cheiram a incenso de jasmim,
ele não é de algodão,
ele é de outra matéria,
indecifrável,
inexistente.



Marina
em abril, no ciclo de áries, corre.

abraços de algodão azul

estou nos braços

em abraços

de algodão

azul

marina

em 

março azul

de algodão

2013

só estou (viajando)

eu
só
estou
viajando

caminhos
não trilhados
caminhos
perdidos
encontrados
e
partidos
partidas
não
há
.
o
que há
são
só
viagens
sempre
viajo
desde
o primeiro
respirar
desde
o primeiro
piscar.












marina em um dia de março de 2013

uma lembrança

uma lembrança

que me faz esquecer de mim

uma lembrança

que me faz 

uma lembrança 

que me traz

ainda

ainda estou a caminho de casa

com as sandálias na mão

com os pés na calçada fria e suja

com o casaco na cintura

sentindo o vento frio da madrugada bater em meu rosto,

a sussurrar mensagens indecifráveis

e eu

sinto ainda teu cheiro em minha roupa suada

menino-coelho

menino-coelho,
nas montanhas
no vento
um grito
um sopro

menino-coelho,
na mata
descalço
toca

menino-coelho,
toca em sua toca
sua guitarra de brinquedo
gera notas

menino-coelho,
canta pra mim
aquela música
de dormir

menino-coelho,
hoje não trouxe cenoura
mas trouxe minhas flores.


por Marina
em um domingo de março/2013

O vento passou por aqui

Sim, o vento passou por aqui
não sei se ele me levou ou
se ele me trouxe
talvez saiba mais tarde
ou amanhã
ou talvez depois de amanhã

Ele deixou cair anotações que eu havia colado na parede
ele arrancou um coração que estava colado na porta
ele sussurrou no meu ouvido algo que não pude ouvir
ele girou as hélices do ventilador que mal funciona
ele escreveu em meu corpo que voltaria

voltaria com uma nova ventania
e me regaria com seu sopro

Sim, o vento passou por aqui
não sei se ele me levou ou
se ele me trouxe
talvez saiba mais tarde
ou amanhã
ou talvez algum dia desses...

Marina
em uma tarde de domingo pacato
de um fevereiro estranho
de um ano incerto, 2013.

sem pressa...

hoje, chegando lá, pisando descalça na areia quente, pus a canga no chão, sentei e visualizei o mar, marzão. lindo e belo como sempre. meio perdido no horizonte, não sabia se era mar ou se era céu. virei o rosto, lá estava ele. de chinelos verde escuro com uma cargueira nas costas e do lado um violão meio desgastado. viajante, sempre viajante. ao lado dele estava ela. cabelos compridos ondulados, brincos estranhos e bonitos. ela segurava as chinelas cor de rosa. caminhava no mesmo passo dele. sem pressa, sem pressa para viver. ela também tinha uma cargueira, menor que a dele. ela carregava uma bolsa com algo dentro, acho que era um instrumento musical, mas não dava pra saber qual era. eles conversavam algo, algo bom, creio eu. ela sorria pra ele, ele falava pra ela fazendo vários gestos. ela só sorria e sorria e ria. acho que ela gostava de estar perto dele, ela estava feliz. e ele parecia estar a vontade perto dela. resolveram soltar as coisas próximos a mim. se despiram. silêncio. olharam para o mar e respiraram fundo. se entreolharam seriamente. sorriram. largaram tudo ali e foram correndo feito duas crianças entrar e furar as ondas do mar.

vem-mar

de volta a realidade
me encontro
me encontro perdida
em terra

meu corpo me leva
pra longe
e mais longe
de tudo
de todos

caminho caminho
caminho
até o mar
o mar
meu único amor
que me abraça
que me envolve
e me leva
me leva
me leva
pra longe
dos seres
humanos
que humanos?
nada de humanos

marina
para meu mar em fevereiro de 2013

eu gosto de te ver

Eu gosto de te ver assim
com a máscara de carnaval
com a peruca rosa brilhante
dançando todas as músicas que a bandinha toca

Eu gosto de te ver com a máscara caindo
com a peruca desajeitada
com a roupa suja de carnaval
com cheiro de cerveja
com o sorriso meio maroto

Eu gosto de te ver também
depois do carnaval
olhando para o horizonte
sem saber o que será do amanhã
com os olhos brilhando
não de felicidade
mas de lágrimas

um vulto...

um vulto
cor
cor forte
olho
você
sorrisos
cabelos duros
formas
suor
música
você
eu
danço
sua
música
suor
branco
preto
sorrisos
na
música
minha
sua
música


aqui está, seu poema.
al'minha,
no florescer de fevereiro de 2013
para
o rapaz
que tocou
aquela música
que me tocou.

e o teu mar cai em mim

e o teu mar cai em mim

em abraço apertado

lágrimas de espuma

cheiro de algodão

teu rosto

teu rosto

embaçado no espelho

uma cortina

te vejo

não vejo

e o teu mar me banha

me perfuma com jasmins

mas o sol seca minha pele

tu caminhas ao longe

fora do mar

numa estrada seca

árida

vento sopra quente

em ti, te leva ao longe

eu tento ir a terra com o mar

as ondas não me levam

me sugam

o mar me quer

o mar me consome

o mar me abraça

o mar me chama

o mar derrama

sangue

do meu coração

o mar me fere

o mar me cura

já não te vejo

te esqueço

mas não esqueço

tua voz

a cantar

com o vento

com a brisa que vem de outro oceano

Calejados

Estamos ficando cada vez mais calejados

uns pelos outros

Calos surgem em mim,

no meu corpo, na minh`alma,

graças a todos nós,

seres humanos mesquinhos

Mesmo assim, 

acabamos arriscando

e o risco 

nos risca,

nos risca,

nos risca,

criando mais calos

até que um dia

não haverá calicida 

que destrua tais calos

gigantes, duros

que nos esconde, que 

mascara quem realmente somos.

Marina

em um janeiro frágil

Quando eu

Quando eu me perco entre o céu e o mar
eu te encontro

ina
em um janeiro aconchegante

e eu te amava

eu vi você, sozinha
na estrada
estava longe
não olhava para trás

eu te amava
e o vento
me levava
forte
para outro ponto
da montanha

eu vi você, sozinha
não havia caminho
e eu te amava
mas o vento te levava
para longe
para um outro caminho
e eu te amava

antes de você chegar

antes de você chegar
pintarei meu céu de azul,
um azul radiante

antes de você chegar
colocarei flores em meu quarto
e acenderei um incenso de sândalo

antes de você chegar
ficarei descalça
e soltarei meus cabelos

antes de você chegar
farei o café que você gosta
comprarei chocolate

antes de você chegar
comporei uma música
para cantar com você

antes de você chegar
afinarei as cordas do meu violino
passarei breu em meu arco

antes de você chegar
sorrirei para todos lá fora
cantarei para os pássaros

antes de você chegar
colocarei uma música
que nós gostamos

antes de você chegar
varrerei a sala
tirarei as teias do teto

antes de você chegar
ensaiarei os passos da dança
porei um vestido florido

antes de você chegar
abrirei as janelas do meu coração
e deixarei sua luz entrar.

marina
em um janeiro que me encanta.

encontro num mar

o vento era forte, nos levava a terras opostas
mas...
conseguimos nos encontrar na imensidão do mar entre nossas terras
falamos muito, subimos e descemos ondas
mas o tempo foi curto e
esquecemos de falar o que nós sentíamos

não me importava o que não havia sido falado
o que me importava naquele instante era o seus olhos
tudo estava lá
naqueles olhos não perdidos
olhos que me localizavam
olhos que nos conectavam
olhos que abriam o coração

marina
em um janeiro que se esvai

Eu gosto deles...

Eu gosto deles
gosto deles porque eles são como são
porque a gente ri junto
porque a gente ri espontaneamente
e a música...
a música que nos envolve sempre
a música que nos une
a música que construímos juntos
é nossa
nossa filha, nossa namorada, nossa amante, nosso cordão

seus dedos
nos instrumentos
o sopro
as teclas
as cordas
e depois
e depois nossas vozes se entrecruzam nesse vai-e-vem de notas
eles roubam minhas notas
e eu roubo as deles
e assim
e assim nasce nosso amor.



Marina
num Janeiro, Janeiro que mal nasceu e já se foi.
2013