sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

menino com olhos de céu

ele chegou com sua caixinha de som,
deitou sobre o gramado,
olhou para o céu,
pensou em como tudo aquilo era tão lindo,
não quis pensar no tempo,
tempo que lhe restava,
o tempo pra ele não existia naquele momento,
o que existia era aquele momento.
olhar para o céu,
deitar na grama,
ouvir suas músicas favoritas na velha caixinha de som,
respirar, sentir o ar entrando em seu corpo,
preenchendo vazios que o mundo tinha lhe deixado,
sentir o cheiro da mata,
os dedos fincados no verde molhado,
as nuvens de algodão-doce sobre seus olhos,
a brisa sussurrante que vinha de longe lhe cantar melodias efêmeras.
ele sentia tudo aquilo, naquele instante, naqueles milésimos de segundo.
ele amava, amava sentir o que estava sentindo.
seus olhos,
olhos de céu,
olhos que refletiam nuvens,
não se fecharam nunca mais.


marina.

em um janeiro quente com brisas longínquas.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

entre tintas, você

você é bonito
de todas as cores
em aquarela, óleo e carvão
traços simples, ligeiros
olhos que desviam
e voltam a me ver
sem ver
estou aqui
você ai
você é do mundo das tintas
escondido entre folhas e lápis de cor
eu sou do mundo daqui
onde me evaporo a todo instante.

marina
em um dezembro tranqüilo de 2014

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

meta, metamorfose

essa
essa
essa falta
essa falta de ar
que me faz
me faz escrever
sem fôlego
e as
e as pernas
pernas tremem
o corpo
o corpo esfria
resfria
espirro
o sangue
sangue marrom
verde-cinza
me torno
torno
animal
de novo
feliz
ano
ano novo.


marina
em um inicio de dezembro
(dezembro que eu não consigo enxergar de que cor é)
de 2014.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Em algum lugar na Lua... ou depois dela

Por que eles estão indo agora?
Tão cheios de vida, de sorrisos, de vontades...
Por que eles voam tão rápido?

Não chegam a se despedir
Não há tempo
O tempo é muito curto pra eles
A vida passa rápido

Num segundo, seus risos são tirados de nós
Num instante, no instante em que a gente menos espera
eles voam... voam para algum lugar
talvez depois do horizonte,
depois do Sol
por trás das estrelas

Eles ainda sorriem

em algum lugar
na Lua
ou depois dela




Marina
em
dez de 2014

terça-feira, 17 de junho de 2014

4 da manhã

são 4 da manhã
ainda não há sono
houve
mas ele foi embora

cabelos assanhados,
gosto
assanhado aqui é também enlinhado, bagunçado

gosto de te ver
ver teu rosto
às 4 da manhã
ainda há lápis nos olhos
restos do batom nos lábios
gosto dos restos
gosto de vê-la esgotada

um dia puxado
trabalho
conversas de bar
tu e os outros

adeuses de sempre
retalhos
pedaços de fita que vai e volta
tesoura, cola, um filme
tu

são 4 da manhã e
eu continuo te amando.



ina.

em um junho estranho de 2014

sexta-feira, 21 de março de 2014

Tu em E

nunca, nunca o vi
mas o ouvi
em uma viagem
na estrada
nublada
nuvens escuras
tangendo meu caminho

te ouvi
em notas
certas e incertas
precisas e indecisas
glissandos
vibratos
trêmulos

tu em mim
sussurrando em meus ouvidos
uma guitarra estranha ao longe
perto e longe
tímida
indecisa
certeira

e a estrada continua
tua música continua
sempre em E
sempre em mim


marina

em março de 2014
ouvindo teu som
sempre.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

teus olhos me faltam

e hoje eu me perguntei
qual seria a cor dos teus olhos
já faz tanto tempo
tanto tempo que não lembro
lembro de algo cintilante
talvez mel, castanho claro,
querendo ir para o esverdeado

qual seria a cor dos teus olhos?
já vi a cor dos teus olhos?
acho que nunca vi teus olhos
esse cintilar deve ter sido um sonho
qual é a cor dos teus olhos?
cor de algodão-doce perdido no céu?
cor de luz do sol refletida na água?
cor de terra adubada?
cor de ternura? de maçã? de alfazema?

qual sabor teria teus olhos?
sabor de cereja, mel ou avelã?
qual cheiro teria teus olhos?
cheiro de orvalho, mato, cravo ou café?

teus olhos, teus olhos
que não sei de que cor são
teus olhos perdidos em meu pensamento
sem teus olhos, não tenho teu rosto
teus olhos me faltam
teus olhos me falham
quem és tu?


marina.
em jan/2014