sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Pequenina

A pequenina disse com uma voz ainda menor do que ela mesma, mas suplicando: "Fale comigo, por favor! Fale comigo!". Nada. Silêncio. A rua estava fria, já estava tarde, tudo era muito escuro. O céu estava nublado, logo logo choveria. "Fale comigo, por favor, por favor, eu gosto de você!". Silêncio. Ela sabia que ele gostava dela, mas ela precisava ouví-lo. Silêncio. Uma lágrima cai de um dos olhos dela."Fale comigo, por favor, hoje pode ser o último dia que o vejo!" Silêncio. Silêncio. Ela abaixou a cabeça, tentou tocar nas mãos dele, mas ele se virou e disse: "Todo o dia é a mesma coisa". Ela: "Não, não é. Nenhum dia é igual ao outro". Ele: "É". Mandou ela entrar. Ela entrou.
Ele foi embora, sumindo na rua escura, como todo dia.
Ela ainda o viu pela brecha da janela.
Ele se foi, sem dizer mais nada, sem nenhum semblante, indiferente talvez.
Na manhã seguinte, ela não acordou.
Seu coração ainda batia, seu sangue ainda percorria vívidamente por suas veias, sua respiração ainda era a mesma. Mas ela não acordava.
Ele foi lá. Sacudiu-a de todas as formas, mas ela não acordava.
Dizem que ela ficou presa no mundo dos sonhos.


Dedico este pequenino conto a Pequenina, quem viveu arrastados e pesados anos comigo.

Animula, Alminha ou Minha,
na Cidade de minha vida, em 20 de janeiro de 2012.

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